SOLIDÃO

Devo ter envelhecido

Percebo pelas lembranças

São tantas!

As flores continuam as mesmas,

As ruas as mesmas

Eu mudei!

Os meninos estão nas ruas

Pipas coloridas no ar

Deve ser agosto

Sinto pelo ar, espremido

Que me chega à garganta.

Parece que preciso de mais tempo

Há algo por fazer

Talvez lavar as calçadas

Abrir gavetas

Limpar a poeira dos livros

Ou da vida?

Não sei em que tempo estou

Tudo parece distante.

A mocidade

A família

Os amigos

O amor

Onde estão?

Um dia, já faz tempo

Falaram de solidão

Dias brancos

O silêncio dolorido

Os ouvidos quietos

A boca sem palavras

A casa vazia,

Só a alma navegando

É isso meu Deus

Estou só!

(poema publicado na edição 1999 do Mapa Cultural Paulista)

Eva Gomes de Oliveira
Enviado por Eva Gomes de Oliveira em 08/09/2007
Reeditado em 13/04/2014
Código do texto: T643288
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