Solidão
Solidão
Aperta o peito quando te acumulas.
Eternamente sinto-me acompanhada.
...Febre cruel e devastada!
Olhos vermelhos e desgraçados
Ombros caídos pelo fracasso!
O silêncio é impertinente!
Por mais ruídos que eu ouça
Na alma ele se faz presente.
A árvore que deixa cair suas folhas
É ingrata diante dos meus olhos...
Tudo faço para protegê-la
E ela, infame natureza,
Me mostra que tudo um dia vai partir.
Partir sem volta
O medo de estar só sufoca.
Tampa as narinas, sela os lábios,
Gela o coração, a mente assassina.
Só ouço meus passos.
Não vou tirar os sapatos
Seu ruído me faz lembrar que ainda existo.
Não quero tanto espaço.
É impossível preenchê-lo só com minha presença.
Vida doente!
Livre-me da cruel sentença
De pagar por sempre estar ausente.