Dois momentos de solidão(Poema 8)
No quarto a solidão se encerra numa
Angústia existencial parada, amorfa,
Existência congelada entre quatro paredes.
Dois livros, uma caneta, um rádio, e algumas
Folhas à esmo... Tudo no momento presente
É apenas um momento solitário a se repetir
Numa vida baseada na angústia solitária.
A vida esvazia seu significado no quarto, seja
Ele imaginário ou real, ele canibaliza todas
As emoções que poderiam ser vividas de forma
Clara nos momentos de introspecção.
Naqueles sentimentos recolhidos em existência
Doméstica, os humores elevam-se a níveis
Intuitivos, porém, em cada humor a pessoa
Sofre uma gota adicional de seu próprio estar só.
Claustro fechado, cuja luz do sol nunca banha
O ambiente, claustro de segredos inevitáveis.
Ambiente de intensa solidão mascarada de
Necessidade de recolhimento ou ausência humana.
Fechado em um mundo cujo o sagrado mescla-se
Com habilidade as necessidades humanas, o claustro
É o momento de solidão de um homem amargurado,
Abatido, sofrível, desarmonizado, e entregue ao mundo
De solidões inenarráveis, naquele momento de introspecção
No claustro fechado a solidão torna-se deusa, e seu santuário
Aniquila tudo de harmonioso no respectivo corpo dominado.