Meu Interior

Oi, me desculpe por ontem

Eu estava com raiva, estava com medo

Medo de me envolver como antes,

Medo de me abrir e ser deixado no relento.

Escrevi tantos textos, tantas histórias

Tantos muros foram erguidos ao passar do tempo,

Que, agora não consigo mais destruí-los

Fazem parte de minha trajetória, de meus momentos

Mas, quero me desculpar, me desculpe

Sei que te culpei, sem razão, sei que sou o vilão.

Já compus tantas letras de amor, tantas de depressão

Tantas fictícias, tantas sobre a solidão

Que acabei deixando de lado o meu coração

Esqueça tudo o que eu já lhe disse

Estou aqui, permitindo, raramente, que alguém me leia

A tristeza em mim existe, persiste em me ferir

Tenho medo de sair da minha aldeia

Tenho medo de expor meus sentimentos.

Peço perdão, não estou conseguindo rimar

Estou apenas conversando, sem me importar

Parte de mim, ninfa, se arrependeu da dedicatória

Aquela que te fiz, em melodia, aquela, melosa

Parte de mim me disse, linda, que fui tolo

Que serei enganado, como antes, que serei alvejado

Mas, sei que não devo te culpar, pois você é inocente, sou um bobo.

Sabe, fiquei triste contigo,

Quando descobri que você mantinha conversas com alguém,

Que jurava de pé junto ser meu amigo, acreditei, triste

Magoei-me profundamente e, sinceramente, ainda penso nisso

Triste às vezes reflito, aflito, se não sou ninguém

Chorei, morena, há muito tempo chorei, quando dediquei

A suposta musa, um poema, pequeno, simples, sereno

Chorei, morena, há pouco tempo chorei, sem querer

Quando li todas as serenatas que fiz, todas as poesias que escrevi

Chorei, morena, quando vi, em reflexo, o que me tornei

Sem conseguir decifrar quem sou, se de fato sou alguém.

Em crise, caminho por um bosque apagado, querida

Escrevo textos para cicatrizar o passado, feridas

Deixo em papéis listrados, romances nunca realizados

Deixo em papéis rasurados, amores nunca amados.

Desculpe, escrevo sempre de mais, escrevo sempre vazio

Tentei mudar, acredite nisso, tentei ser mais inexpressivo

Tentei, morena, mas falhei, miseravelmente

Mas cá estou, escrevo de todo peito, sinceramente.

Gosto de ti, mas tenho medo

Falo asneiras para ti, mas tenho medo

Cantei para ti, mas tenho medo

Medo que seja tudo fruto de minha doce imaginação

Que na verdade você não goste de mim

Inseguro, sei que sou, mas sou assim

Tenho falhas, minha linda joaninha, tenho falhas

Falhas essas que me assombram ao soar a madrugada.

Perdão, mas, permita-me lhe apresentar meu mundo

Espero que em minha mente, você desfrute

De perversões, de ondas e ondas de estações

Minha primavera se assemelha ao beijo em fervor

O meu outono se identifica com as minhas emoções.

Penso tanto em como te agradar, que enlouqueço

Mas, o medo, ah, o medo, ele me aprisiona

Sou um canário, preso, sem fuga, sem glória

Quero que saibas que não a odeio, mas, tenho tantos receios

Que atropelo meus desejos, meus anseios, minhas provas

Desejo repousar, sonhar, sobre seus seios

Acredite em mim, pois, estou às cinco da manhã sem dormir

Apenas para dedicar, sem saber qual será o meu fim.

Morena, o meu medo não será levado pelas ondas

A desconfiança se tornou meu porto seguro indesejado

As águas em meu pensamento não estão mansas

Mas desejo, aguardo, prezo, que eu consiga me libertar

E voar, para seus braços, ou você para os meus

Aqui eu me despeço, enfim, depois de todo este texto,

De nada singelo, e sim, lido com tédio

Beijos, virtuais, invisíveis, mas reais

Até logo... assinado, um garoto simples,

Com problemas mentais.