Lágrimas de sangue
Súbito momento, inquietude d'alma
Onde hei de padecer! Será num esquife,
Ou nas profundezas dum mar em calma
Ritual lúgrube, dança da morte, me ceife.
Dos mares de lágrimas hei de sobreviver!
As ondas calema tiram de mim a cura...
Hei de suportar pois tu não irá me rever,
Ainda entorpecido pelo ópio da loucura.
Subsisto no fadário que é te esquecer
Em noites tão longas suporto a solidão
De não poder te vê sem enlouquecer,
Aqui o breu me cerca numa imensidão.
Deito-me, na cama que parece um sepulcro
Minha pele jaz pálida, fria e esbranquiçada,
Padece no ermo deste quarto fúnebre e sacro
E, vejo no espelho minha mente bagunçada.