Porão
Você sabe como me sinto,
Por mais que não me compreendas.
Há um calabouço nesse recinto
Que em segredo, espia por entre as fendas.
Sua curiosidade é satisfatória
Sua preocupação, porém, é outra história.
A narrativa contraditória
Que compõe seus argumentos
É o que me faz querer esconder, ainda mais a minha escória.
Eu sou do tipo que enlouqueceu trancafiado em minha própria casa,
Cuja as chaves da porta fiz questão de jogar pela janela.
Nada passa despercebido pelo sentinela.
É com pesar que anuncio:
À mim eu renuncio!
Tentar me encontrar é como se perder num labirinto.
Por mais que tente me salvar,
Por mais que pense em se esforçar,
Eu me escondo em meu manto.
Eu me escondo em meu pranto.
Seu cuidado ao descer as escadas,
Sua cautela na escolha de palavras.
É em vão.
Eu posso ouvir o eco aqui do porão