Nada

Nada interessante a fazer,

sol ainda preguiçoso por nascer,

linha de pescaria enrolada,

roupas deixadas na máquina de lavar,

chuteiras penduradas no varal,

verdades escondidas no sótão,

ilusões estampadas no jornal,

rede balançando na varanda,

desejo de dormir a tarde inteira...

Sonhando voar como um pássaro,

buscando rumo no desconhecido,

estranhando a mim mesmo no espelho,

confundindo pensamentos sem sentido,

sentindo emoções desconexas ás razões,

tentando apenas deixar-me livre de conceitos,

sem preocupações de querer tudo aprender,

assumindo minha ignorância de tudo,

assumindo meu conhecimento escasso...

Perdendo-me no vazio de instantes,

gritando o silêncio de minha alma,

torturando-me nessa espera incrédula,

enlouquecendo nos reflexos de sanidade,

transparecendo meu obscurantismo,

reverberando o nada que me consome,

assumindo o terror dessa solidão presente,

simplesmente me abandonando ao vento,

como um barco á velas em alto mar...