Solidão escalonada

Eu esperei que viessem

De porta aberta e tapete de boas-vindas

Dia após dia,

Até beber todas as cervejas que eram para nós.

Estou sujeito a criticas por meus andrajos,

Ainda que fossem novas quando ainda a esperava.

Aos poucos, perco o velho conhecimento de frases

Para cumprimentar ou me despedir,

Já que não houve mais chegadas, ou partidas.

Ao fim do dia quando fecho a porta,

As dobradiças que se deterioram aos poucos,

Torna cada vez mais difícil abri-la novamente.

Não faz sentido ver o que não posso contar,

O nascer do sol, só faz incomodar aos meus olhos.

O som da chuva no telhado,

Não passa de um barulho que não me deixa dormir.

Do sol e da chuva e dos dias,

Não tenho nada se não as manchas de que surgem na parede.

Mais um dia que ela não veio,

Mais fragmentos de expectativa caem,

Nem se que me preocupo mais em abrir a porta.

Uma mensagem chega, dizendo estar lindo lá fora.

Mas, de quê isso importa?

Eu já nem quero abrir a porta.

Henrique Sanvas
Enviado por Henrique Sanvas em 10/02/2020
Reeditado em 07/09/2020
Código do texto: T6862722
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