Eu

Eu sou o pêndulo sépia nas horas chuvosas,

a hera que verdeja no abismo entre eras,

sou o grão de areia no deserto de existências,

poeirenta, manchada, colérica, exilada em mim.

Eu sou estrela rubra de um céu embriagado,

pássara de minerva à meia noite,

rastro fosco de luz nos pedregulhos do vazio,

hermética, repentina, catatônica, sanguinária.

Eu sou flor parasita expulsa do jardim dançante,

melodia sinistra entre côncavos roncos,

brisa bucólica que fulmina no abstrato,

estéril, etérea, invertida, nunca lida.

Flora Fernweh
Enviado por Flora Fernweh em 23/02/2020
Reeditado em 31/10/2021
Código do texto: T6872405
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