Diálogo com a escuridão
A escuridão do quarto
É igualzinha a mim por dentro
Vazia, gelada
Ausente de sentimento
Triste e louca num abismo eternal
Banhada em lágrimas profanas
de uma santa infernal!
Sou eu, olhos de sangue,
Ejaculando dor pelas paredes
(L)a fora
Em busca de satisfação: Agora!
“-Por que não há amor pra mim?
Hein, desgraçada escuridão?!
E por que tratar-me assim
Como a um cão?!”
“-Porque a vida é, enfim
Solidão
E só no fim verás a luz
Na escuridão”.
“-O que eu faço na vida então
Se é a morte
Alegria e solução?”
“-Aqui estás por tão pouco tempo,
que nem importa a indagação.
És, no meu manto, uma mera perturbação.
Feche os olhos
Brinque cega
Não penses mais no que passou!
Da razão, te renega
E seja comigo, aquilo que sou”.