Quarto cinza

Incessantes palavras, incessantes.

Este é o quarto cinza, com pouca iluminação.

É a solitária da vida.

É a cobra, que maligna nos espreme em nossos silêncios.

É a ansiedade, que afoga a boca do estômago

É o desejo de, vivendo, não mais viver.

Quantos dias e horas eu sucumbo na solitária e ardente vida.

É a angústia perene

É a corrente impermanência

É a falta de coerência

É a minha mania de querer

O querer, o que querer?

Qual o sentido do tanto pensar?

Qual é o sentido, de preso em meus caminhos,

que eu possa me soltar?

Qual o sentido de sentir mais uma vez

Aquela liberdade livre do respirar

Se as correntes que me prendem

Parecem tão fortes

Que, debatendo-me vou,

Sem nunca me libertar.