No alto do prédio

No alto do prédio,

estou eu denovo,

sentada,

balançando as pernas,

com os braços e mãos abertas.

No alto do prédio,

não tenho coragem de me jogar,

não tenho coragem de desistir,

mas ainda assim me falta coragem para continuar.

No alto do prédio,

não acredito nos apelos que me pedem para parar,

e nos ecos ao fundo que dizem para me jogar.

Não acredito mais você,

e nem mais em ninguém,

deixei de acreditar quando não acreditei mais em mim.

No alto do prédio,

vejo o passado distante,

essa saudade latejante,

que insiste em me sufocar,

de um tempo que se foi,

de um tempo que não volta,

de um tempo que não me pertence.

No alto do prédio,

grito por socorro,

mas a única resposta,

vem do grito do vento passando pelo vãos,

nem mesmo eco está aqui.

No alto do prédio,

vejo pessoas passando,

sonhos se esfarelando,

sonhos se renovando.

No alto do prédio,

ouço juras de amor enterno,

vão todas sujas para chão,

quando as atiro,

do alto deste prédio.