Cheio do vazio

Caminhei entre vidas que não me davam espaço e me vi sempre de peito aberto pra quem já me negou um abraço. Para eles, tão transparente que desapareci. Esquecido pelas tantas vozes que me falaram coisas que eu nem mesmo ouvi. Perambulei pelo espaço que há entre os teus vários nadas e o meu vazio, gritando àqueles que me davam flores, mas ninguém me ouviu. E o que dói é perceber o tempo que escorreu pelos meus dedos enquanto eu buscava por nada, andando atrás de um caminhão de sonhos vazios que eu nunca alcançava. Andando pelas ruas escuras e vazias pude ver melhor dentro de mim. Até cheguei perto da luz no fim desse túnel, mas a chama já estava no fim. Cansado me banhei nas minhas próprias mentiras buscando me sentir vivo e reviver o pouco de esperança que ainda me dava algum motivo. E lendo aquela história vazia de uma falsa epopeia percebi que não há conto de fadas que me faça mudar de ideia. Porque a amarga realidade do mundo me fez pessimista e, as vezes, me parece que não há nada que possa impedir que eu desista.

Angelica Stefaniak
Enviado por Angelica Stefaniak em 30/03/2020
Reeditado em 22/12/2020
Código do texto: T6901185
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