Eu e a solidão
Pensei que seria mais fácil lidar com a solidão
Mas esse confronto com o meu eu interior
Está desequilibrando o pouco que há de razão
E eu provando de imensa e profunda dor.
Reconheço que facilitei o trabalho do desatino
Colocando-me no atual ponto desta estrada
E aquele outrora ingênuo e doce menino
Tornou-se o homem de emoção tão destroçada.
Desatento, cego pelo comodismo que imobiliza,
Ou pelo ego sutil e intimamente dominado
Não vi cada ação que ao amor esteriliza
E hoje colho os frutos do plantio mal semeado.
Não! Claro que nem tudo foi assim tão ruim
Houve indescritíveis e vários momentos de prazer
Mas, com o devido cuidado seria outro o fim
Pois para valorizar, eu tive que perder.
A auto confiança excessiva, desmedida
Fez-me cair, inexoravelmente, por terra
Porém, de diversas batalhas se faz a vida
E ainda está longe de terminar esta guerra.
Assim, erguido do chão, sujo e ferido
Limpo as chagas, seco as lágrimas, é o jeito
A solidão é dura mestra e o conteúdo repetido,
Mas não me levarão eles ao último leito.
Cícero – 11-04-2020