SOZINHO DE TI

Ontem, olhando nossos retratos,

Resgatei um pouco de mim.

Estava perdido na imensa

Amplidão de meus férteis

Pensamentos...

Repensei fatos antigos,

Alguns esquecidos

Mas que sempre me vêm à tona

Quando me sinto só,

Sozinho de ti...

Em gestos mecânicos

Que muitas vezes tento reprimir,

Quero você.

E nesse profundo querer

Fico loucamente vulnerável!...

Mas na verdade,

Eu gostaria mesmo

Que estivesses ao meu lado

No alvorecer das minhas/nossas

Primeiras rugas...

De estar contigo enfim

E que teu rosto fosse pra mim

O primeiro

De todas as manhãs da vida,

Da nossa vida...

E também (e principalmente),

Que fosse o último

Quando finalmente

A morte vier brincar

De me esconder!...

Aracaju/SE, 30/04/2003

Manoel de Paula
Enviado por Manoel de Paula em 23/06/2020
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