Cansaço

Bate o cansaço

A vida bate forte

Cadê o conforto do abraço

Que à vida

Poderia dar outro norte.

Está tudo tão distante

A dor à alma rasga

Ferida aberta, lancinante

O peito engasga

E pelos olhos transborda.

O tempo, inexorável,

Exige, para suportar, paciência,

A luta é insana

Sanidade ameaçada pela demência

Busca, inútil, o Nirvana.

Tudo em cacos, pedaços soltos,

Que se colam tortos

Quebra-cabeças cujas peças se repelem

Sonhos em mágoas envoltos

Navios que buscam, inexistentes portos.

Confronto com o interior

Espelho que se estilhaça

Esperança que no incorrespondido amor

Feito areia entre os dedos,

Se esvai, não vem, só passa.

Socorro! A consciência grita

O ego se desestrutura

Desmorona o ser

Cuja mente se agita

E o coração se amargura.

A palavra amiga

Vem na hora certa acalmar

O joelho vai ao chão:

– Suporta, o que te castiga

Porque tudo vai passar.

Disse, vinda do invisível,

A voz que se fez ouvida

E naquele instante sofrível

Vem o sono, leniente

Para aberta ferida.

E na manhã seguinte

Tudo outra vez recomeça

É o ciclo vital do existir

De quem levanta e tropeça

E do qual não dá para fugir.

Cícero – 08-07-20

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 09/07/2020
Código do texto: T7001009
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