Velho Sofá

UM VELHO QUERIDO BRAÇO DE SOFÁ

É NELE QUE ME INCLINO

COMO MEU PEQUENO BIRÔ E CONFIDENTE DE TRISTEZA, DE SAUDADE

MENOS DE UM METRO POR UM PALMO DE LARGURA,

MEU MÓVEL DIGNO, SEM GAVETA, DESGASTADO PELO TEMPO

MAS TEM PACIÊNCIA, SUPORTA

AS FRUSTRAÇÕES, AS ALEGRIAS, O MAU HUMOR E É SEMPRE, MEU LASER

AS VEZES ME DÁ VONTADE DE PARAR DE ESCREVER, DESCANSAR

MINHA CABEÇA NO SEU DURO REGAÇO E FICAR LEMBRANDO A INFÂNCIA QUE NÃO TIVE

ESTE BRAÇO DO VELHO SOFÁ ESTAR SEMPRE ME ESPERANDO

ME RECEBENDO DA MANEIRA QUE EU SOU

O SEU SILÊNCIO ME COMOVE

TUDO ISSO FAZ PARTE DA VIDA SOLITÁRIA

MAIS MOSTRA AINDA POR TODA PARTE AS RUGAS QUE ME CAUSOU MINHA JUVENTUDE

HOJE AINDA É POSSÍVEL DISTINGUIR AS FOTOS ANTIGAS QUASE APAGADAS PELO TEMPO

LEMBRO-ME AQUI A DIREITA ESCREVI TEU NOME NA PONTA ESQUERDA LÁ ONDE EXISTE UM MÓDULO UMA FORMA DE CRUZ EU ESCREVO ASSIM

O AMOR, COMO A PRONUNCIAR UM ETERNO SUPLÍCIO, A PALAVRA POESIA, GRAVADA EM CARACTERES, LARGOS, LAGO.;

Regilda Simões