Apatia

Um olhar de intemperança frente a própria moderação. A madureza dolor a fitar o vazio ríspido da disposição.

Teu rosto é mero retrato furtivo em algum molde

Para memórias diluídas em amônia.

Tu és feito de membranas opacas que barram a vista.

Os olhos já não atravessam a substância que o esculpe,

Ficam presos na névoa de vidro - instância que fragilmente o guarda dentro da paralisia de uma isca -

No oco de mim, ouço estampidos que ensurdecem a

Ferida vibrante do breu encarcerado, tu ou algo que

Assim nomeio, adormece, latente e desfigurado.

Parado, teu molde aprisiona a vida em memórias,

Já não sei se tu vives ou se afigura um sentimento

Passado, já não sinto tua pulsação através do quadro.

Letícia Sales
Enviado por Letícia Sales em 21/07/2020
Reeditado em 03/03/2022
Código do texto: T7012497
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