Controvérsia

No silêncio de cada poema escrito,
seus lábios hão de tremular
como bandeiras ao vento
e certamente de momento a momento,
haverão de sorrir,
deixando que a lágrima penetre,
furando o bloqueio da boca,
indo acariciá-la por dentro
de encontro a sua saudade.
Sei que então seremos tarde,
ocaso no dia, crepúsculo no tempo.
Tarde para saber o segredo,
em que erro estivemos errando
enquanto o sol passou
e a primavera floriu.
Enquanto as árvores se vestiram de verde
nos despimos do amor.
Tarde para entender o mistério,
a razão de ser da criação,
o porquê que o tempo é tempo,
enquanto a vida é vida.
E sem o tempo a vida morre,
sem a vida, o tempo apaga.
Apaga a luz, o brilho dos olhos;
olhos que ontem quiseram falar,
balbuciar o silêncio do medo
e ficaram sós,... Sós como estrelas no céu;
muitas, inúmeras,
mas, infinitamente sós.