AUTO-RETRATO

 
Esquecida de mim,
vida presa no instante
onde a sua se afastou
decretando o meu fim...
Olhar vazio, coração magoado,
desejo adormecido.
Sentimentos ilhados,
sonhos gastos, revoltos,
soltos... Não mais sonhados...
 
Num céu que escureceu
alma em tormentas
perdida no breu...
Confusa, sem rumo
nas trilhas do destino,
isolada, sem prumo
na instância do desatino.
 
Uns cantam minha sorte!...
Não conseguem perceber
o gosto salgado da lágrima,
na saudade a me render! 
Sorte ou morte?
 
Ilusões cansadas
em noites sempre frias.
Tempo enodoado,
correntes do passado,
presente distante
futuro não alcançado...
 
Lembranças soluçam
trancadas no escuro.
Face em disfarces
nos dias obscuros
enganando o corpo,
iludindo a tristeza.
Fugindo, fingindo
ocultando a agonia.
 
Num jardim sem belezas
sou uma sombra que passa
entre a solidão e a dor...
 
28/09/2007
 
*Fácil dizer adeus, difícil esquecer os olhos seus,
fazer a alma entender...
2007
Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 21/10/2007
Reeditado em 17/12/2010
Código do texto: T703330