Quase tão.

Foi vivendo bem rapidamente

O dedo em riste e as mãos em prece

Tem coisa que existe e que nunca acontece

E quando acontece, é prá lá de distante

É chuva que chove muito além desses quintais

Nos jardins as folhas crescem, caem, se vão

Se vão pelos desvãos das mãos em prece

Nos olhos vendados, nos rincões do tempo

Parece até que no final deu tudo certo

O dedo em riste, o medo escondido

O coração deserto, perdido e ainda em segredo

Tão secreto quanto um sonho

Que, quando acontece, é pra lá de distante

Tão longe quanto o minuto passado

Vivido tão rapidamente

Quase tão desconhecido

Quanto uma vontade que passou.

Edson Ricardo Paiva.