Man on the Moon

Não faço, não quero

Não almejo, nem espero

Não fico, não estou

Sou, apenas sou.

Chão etéreo, flutuo

Densa força, recuo

Mal comum, aceito

Mal interno, rejeito.

Nada mais parece

Nada mais apetece

Não há mais vontade

Baixa gravidade.

Foi-se o bom tempo

Do abraço, do alento

Aguardar, perecer

A anos-luz de outro ser.

Dispo-me de ser terreno

Distancio-me, pequeno

Fito o semblante nu

Do pálido ponto azul.

Vácuo eterno, minha escolta

Penso em não haver mais volta

Melancolia, amiga inata

Do jovem astronauta.

Meus amigos, estrelas

Distante, mal posso vê-las

Orbitam sistemas, planetas

Ascendem imponentes, cometas.

Afasto-me a cada passo

Oxigênio, tesouro escasso

Saudade, veneno letal

Flui na estação espacial.

Pouso, excelso, contra a Lua

Tenho a verdade, nua e crua

Sobre a dúvida, que aqui se encerra:

A minha vida está na Terra.

Gabriel Luiz
Enviado por Gabriel Luiz em 10/02/2021
Código do texto: T7180866
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