O céu é azul e cinza

I

Sentida ausência

Ainda preciso me lembrar de empacotar suas coisas

e qualquer dia, tentar me lembrar de jogá-las fora.

A corrida matinal hoje foi breve e solitária,

pois você já não estava lá pra me acompanhar.

Ei, você reparou como as tardes estão cinzas,

e como as noites andam tão frias?

Deixei a minha barba crescer.

Você levou o melhor pente que tinha em casa.

Eis o porquê da minha aparência desleixada.

Ah! Diga-me por quê? Até voltei a beber.

Será que você já está atirada nos braços de alguém?

Bem, eu até tentei, mas não achei-as boas companhias.

A vida sem os nossos compromissos é uma tela vazia.

II

O vaso

O amor é semelhante a um vaso com flores.

As flores requerem água e o vaso cuidados.

Ouça, meu caro amigo, se o vaso do amor se quebrar,

será inútil trabalhar para colar os cacos,

porque cacos colados não formam o mesmo vaso

e o amor de um só não une os pedaços.

Então o melhor é aceitar e deixar partir,

assim como aceitamos que a lagarta deve evoluir,

metamorfoseando-se em bela borboleta,

e como desejamos imprimir outro rumo na vida.

Tenho um vaso novo a espera de flores

Flores lindas, que hei de saber amar e valorizar

O bem do amor que desta vez saberei conservar.

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ESPAÇO DAS INTERAÇÕES POÉTICAS

Borboleta Machucada

Não fui feita sob medida para ninguém

Não sei lidar com sentimentos profundos

Por que devo arriscar ter mais alguém

Se meus quereres não são fecundos?

Nem notaste que eu trouxe teus retratos

Erga a cabeça e viva corajosamente

Esqueças meus gestos tão ingratos

Tenho marcas e ajo estranhamente.

A tua tela brevemente será preenchida

A minha nunca teve cores e nem aromas

Ela sempre será uma tela escura, preta

Quisera saber voar como uma borboleta

Perdoe-me, pois sou uma mulher dividida.

(AnnaLuciaGadelha)

Amor verdadeiro não quebra

Nem se espatifa ao cair no chão

Não precisa de cola para unir

Os elos que saem do coração

Quando o amor logo se acaba

É porque era apenas uma paixão

Com pequenas rusgas vai embora

Não resiste a um simples arranhão

Assim não vale a pena ninguém sofrer

Nem viver e nem morrer de solidão.

(Ieda Chaves Freitas)