Versos que pousam na janela da alma
Borboletas - assim querem ser chamados.
Voam, migram, cruzam os continentes nas minhas entranhas,
chegam, fazem ninho, habitam e morrem em mim.
Os versos sempre voltam ao lar, às vezes combalidos, amputados de rimas, com métrica adoecidas, com estrofes arranhadas
ou com olheiras de noites que lhe roubaram o sono.
Não importa a estação ou a hora.
O tempo não lhes rouba o viço, força ou sentimentalismo.
Quando os versos retornam com suas asas , às vezes robustas, às vezes alquebradas, eles procuram por janelas abertas, livre de trancas, tapumes ou grades.
Lá eles pousam e permanecem pelo período que lhes convém
fazendo poesia que abastece de esperança uma alma moribunda
blindado-a da pior de todas as mortes.