A mulher na soleira

Deitada estava

No chão, na rua

Tinha a alma nua

E uma nostalgia.

Era cheiro de urina

Tinha voz de abandono

Era frio de outono

Ela já pressentia.

Já não contava

Quantos abusos

Ou quantos roncos e uivos

Seu estômago fazia.

Seu passado incógnita

Seu porte altivo

Não continha o alívio

Da meritocracia.

Ela era silêncio

Era um grande mistério

Evaporou sem critério

Ninguém sabe o dia.

Cyntia Pinheiro
Enviado por Cyntia Pinheiro em 01/05/2021
Código do texto: T7245854
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.