TORMENTA

Sinto em mim a pura solidão dos poetas 
Cujos corações não encontram o fim da estrada 
Sinto em mim a inverdade das mentiras concretas 
Cuja angústia se inflama e se apaga

Sinto em mim o gosto que precede o desgosto 
Quando o amor é um estranho na porta
Sinto nessa tela um pixel do seu rosto
Quando a pergunta consome a resposta 

Sinto em mim o vento sombrio do inverno 
Quando o sol se ausenta no longínquo horizonte 
Sinto em meus pés o destino incerto 
Quando migram os pássaros além dos montes

Sinto em mim o som alheio da canção antiga
Quando a melodia se condensa em silêncio 
Sinto o farfalhar tímido das folhas na brisa
Enquanto ouço a tormenta que ressoa aqui dentro.
 
Susana Torres
Enviado por Susana Torres em 20/07/2021
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