O Pássaro na Janela

Sentada à mesa, imersa em devaneios noturnos

Meu coração munido-se de uma nostalgia que não cessa

De uma ausência que nada parece preencher

Um voo alcança meus pensamentos

Meu olhar segue até a janela

Um pássaro pousa levemente e estufa o peito

Enquanto ele saltita despreocupado

Eu me vejo refletida naquela pequena ave

O pássaro na janela é livre

Pode voar a qualquer momento e se esconder em meio às nuvens

Enquanto penso nas possibilidades, ele me olha

Como se entendesse minha tristeza, ele deixa de saltitar

Olha firmemente em minha direção

E seu bico move em direção ao chão

Como se com uma mesura me cumprimentasse

Talvez seja porque somos dois solitários

No cair da noite de uma sexta-feira

Não percebo que estou chorando até que a imagem se turva em meus olhos

Quando a lágrima cai no papel da carta antiga que estava relendo

Ele me lança um último olhar

Voando no céu que se descortina num azul sombrio

Talvez eu seja aquela pássaro da janela

Que cedo ou tarde partirá desse mundo voando em direção ao céu

Na esperança de que lá possa encontrar uma nuvem para chamar de lar.

Ana Oliva
Enviado por Ana Oliva em 10/10/2021
Código do texto: T7360833
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