Vai.

Vejo a estrela cadente

Na viagem que o universo abrange

Pelo tempo que o infinito, se o souber

Há de apenas te dizer que é longe

O lado mais bonito disso tudo

É que a passagem pela minha vida

Só perdura um breve instante

Me convida ao pensamento

Às vezes conclusivo, embora conflitante

Tão confuso quanto o amor baldio e mudo

É dor pra qual não tem remédio

O nada inexistente, ao arrepio do sentido

Se tudo que vejo é o momento presente

A chuva aumenta, lenta e tristemente

Deus alegra a vida, evoca a arte

Parte a luz à esguelha

A cor da rosa em sustenido; vermelha

Espelha o céu no chão

Põe pássaros à telha

Saudade, que morreu de velha

Dizem que foi desde ontem

Não há como o saber nem alcançar

Calou, deixou passar, consente

Estrela, leve em ti

O nosso breve olhar veloz, sem voz

Leve mormente

Nem que morra em alguma neve

Se tens mesmo que partir

Leve esse olhar

Guarda pra ti.

Edson Ricardo Paiva.