Cadeira de Plástico seco
Cheguei nesse tempo de não aguentar nem minha própria respiração.
Não aguentar a estridência da vida no agudo do ar aquecendo minha boca
Janelas e portas estralam
O sol é sempre muito forte
Impregna as roupas, aumenta o cheiro da morte
Do pombo no meio da calçada. Tudo tem esse ar de vida atravessada
De colisão de carro com moto
Eu já não incomodo tanto quanto queria incomodar
Toda vida que me acomodo
Meus nós dos dedos ficam apertados
Difíceis de apontar
Péssimos pra escrever.
O povo é tudo fresco, fácil de quebrar
Como cadeira de plástico seco
Eu fico me contendo
Não penso. Não tenci-
Ono nada, não produzo argumentos
É só mais uma vez que eu morri.