Adeus Anônimo XC3

Ao falar, ninguém pode escutá-la

Sua voz é só um emaranhado inaudível

Fino e sensível como teia sem arquitetura

Seu grito ecoa, ecoa...

Rebatendo sobre duras paredes

É impotente, fragilizado e cansado

E impenetrável em corações frios

Rochosos e cheios de perfurações

E tu, embeleza-o com purpurina e tinta

Se faz sol, dança pelas ruas

Mas, logo esquece:

Que o vento e a chuva te desnuda!

Confuso foge da realidade

Tornando-a embaçada e turva

Cada dia trocando essa máscara tosca

Enganando-se batendo no peito

Afirmando que basta a si mesmo

Quer causar a indiferença

Considerando que te desconheça

Tolo sem perceber vejo-o até de olhos fechados

Escondendo-se com as mãos na fronte

A poeira entra em seus olhos

Criando crostas e camadas de sujeira

Então, você corre apressado

Desesperado e sem direção

Percorrendo em círculos

Camuflando de todo o seu fingimento

Escondendo vidros trincados

Evitando que tente colá-los

Vejo tantos cacos esparramados

Impede-me, jogando-os contra mim

Sou apenas sombra e pó

Que um dia não verá mais

Impiedosamente fatia a si próprio

Espedaçando-te e derretendo a si mesmo

Afoga e afunda em suas águas amargas

Orgulhoso diz que nada lhe falta.

Lorena Borba
Enviado por Lorena Borba em 11/09/2022
Reeditado em 11/09/2022
Código do texto: T7603638
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