Lágrimas Opalinas

Lágrimas Opalinas

Delasnieve Daspet

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Caminho como um espectro

Que ronda o passado.

Fingem que não me ouvem ou veem,

Mas estão atentos ao menor ruído.

O relógio, desconjuntado, bate as horas

Devagar. Sem pressa.

A neblina em suaves gotas,

Bate na janela.

São como lágrimas que caem

Sobre as vidraças.

Lágrimas opalinas que formam

Sulcos e trilhas.

As madressilvas suspiram

Perfumando as pessoas mudas.

Pássaros sem canto.

E o verão, de ardente sol

Nos manda à prisão de liquida solidão.

Campo Grande, 03 de setembro de 2020