ANDO SÓ

Ando só

As vezes zonza, outras vezes precipitada

Tenho a mão crispada e o olho revirado

É loucura que já passa do tempo

Passa com força, levando o que consegue arrancar

Ando só

E o meu cabelo vira crina ao vento

Dou coices sem avisar

Corro arfando o meu esforço

E por mais terras que eu pecorra

Volto sempre para o mesmo lugar

Ando só

E encarniçada reviro lixo

Agrido como cão ferido

Mordo quem tentar me conter

Fujo, sem nem pestanejar

Ando só

E não vou em frente

Também não quero voltar

E nem pego desvios

Me agarro, me finco, no lugar

Ando só

E me falta argumento

Nesta conversa que já se estende

Já passou a sua vez de falar

E a minha , há muito, deixei para trás

Ando só

E permaneço só

Maria Helena de Melo Rodrigues
Enviado por Maria Helena de Melo Rodrigues em 12/12/2007
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