Natimorto

Por que não morri ao nascer?

Por que após seu ventre não expirei?

Para que em teus peitos

não mamentavam

Oh profunda dor

que sinto agora.

Houve um colo

maldito colo

que me acolheu

Pois não há consolo

quando por dolo

a vida cobriu me

com chagas

E eu me coçava

com santo pincel

pois sou papel.

E nas paredes caiadas

do sagrado templo,

onde os cegos lançavam mão

de suas capas.

Você me chicoteava,

e a santa pomba fugia

dos mercadores em disparada.

Você me abateu o espírito,

bateu em minha face

e cobriu me os olhos com lodo.

Logo você,

irmão meu em quem confiava.

Ao sheol me lançarei

Abraão molhará mus lábios

com óleo de sua barba.

Farei da terra um lençol

E me cubrirei.

Quem me dera não ter nascido

Fira o pastor e a ovelha estará perdida.

Lá, onde não escuto a voz do meu carrasco.

Posso enfim,

Deixar de existir.