Não me faça abdicar

Eu busquei um sorriso

Encontrei um defeito

Disfarçado de virtude

Aqui representando pecado

Em um pequeno instante de indulgencia

Notei quão raro é para mim vencer

Sou o resultado de perguntas

Onde a resposta é um porque

Me trate como um humano, imploro

Eu mesmo estou deixando de acreditar

Que em anos de terapia e procura

Ainda sou um naufrago a tolerar

Que concessões são feitas pois ainda sinto partido

Me desejo em um lugar que não me é permitido

Como um tempero agridoce quando você não tem paladar

Como outra espécie me sinto reduzido

Sim, eu queria partir grilhões e acreditar

Como eu iria me tornar alguém digno da humanidade

Que me é abdicada e eu não sei como recuperar

Eu só tenho um corpo, um sofrimento e saudade

Eu já vivi sentindo respeito nos olhos alheios

E já tentei lutar por um paraíso que se tornou impossível

Eu queria que você me amasse, o que é risível

Gregor Samsa me vem em mente quando desisto de meus devaneios

Apenas rastejo procurando quem acreditar em mim

Enfim compreendendo a lição que é ser sapo

E saber que a transformação pela paixão é possível

Me recordo de melhores eras, amputadas de mim pelo tempo

Me sinto em meio a serpentes

Com uma forma bestial acostumada ao veneno

Quanto mais eu estarei fadado a estar ausente

De minha própria vida por não ser quem estou procurando?

Psycho Vincent
Enviado por Psycho Vincent em 05/11/2023
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