Além-mar
Estão aqui minhas angústias e infortúnios,
minhas gotas de sangue sujo.
Estão aqui, nas premissas amareladas,
as margens receosas de minhas entrelinhas arraigadas.
Está aqui o meu pobre e ingênuo opúsculo,
o meu nobre e profundo crepúsculo.
Eu navego nessas palavras que me seguem.
Fico a deriva dentre ondas que me perseguem.
As minhas horas de solidão são névoas de ilusão.
As minhas palavras bem polidas são eruditas palavras homicidas.
Elas suicidam a minha simplicidade e me fazem jurar lealdade.
Eu não posso ignorá-las, pois elas vêm pela madrugada perturbar.
Elas trazem a rima da metria já cansada, o poema de meu íntimo além-mar ...