Além-mar

Estão aqui minhas angústias e infortúnios,

minhas gotas de sangue sujo.

Estão aqui, nas premissas amareladas,

as margens receosas de minhas entrelinhas arraigadas.

Está aqui o meu pobre e ingênuo opúsculo,

o meu nobre e profundo crepúsculo.

Eu navego nessas palavras que me seguem.

Fico a deriva dentre ondas que me perseguem.

As minhas horas de solidão são névoas de ilusão.

As minhas palavras bem polidas são eruditas palavras homicidas.

Elas suicidam a minha simplicidade e me fazem jurar lealdade.

Eu não posso ignorá-las, pois elas vêm pela madrugada perturbar.

Elas trazem a rima da metria já cansada, o poema de meu íntimo além-mar ...

Andrea Sá
Enviado por Andrea Sá em 31/12/2007
Reeditado em 01/01/2008
Código do texto: T798174