Território inóspito

Meu desassossego encontrou a cadeira vazia,

Os vinis sem as capas, a garrafa seca.

Pois que nas horas insones desta madrugada

Uma saudade deu-me palavras mudas,

Melodias silentes, uma paz incômoda.

Um desamparo morno, um ruído quente,

E a frieza de uma distância rude.

A solidão penetrou-me sem dedos

Encontrou-me em prantos, morou em mim

Numa tristeza tarde.

Meu desassossego é passo de dança

Que vai e que vem, sem ir e sem vir.

É um lugar em mim onde neva e queima,

Onde sol e lua se acham e não se sabem.

Sou território inóspito.