Certa vacuidade

Claro, assim avisto, na convicção dos olhos cegos,

a inutilidade dos corpos.

Pessoas vêm e vão sobrecarregadas,

adornadas de almas ímpias,

transitam pela fronteira do caos.

Elas riem entre os salões e os bordéis,

eu as encaro pensando nas suas

cruzes dos âmagos.

Penso como no beijo do primeiro amor,

que o amor partiu embora por ser o primeiro.

Sinto a presença celeste da humanidade,

o meu seio guarda a amargura

de Werther, mas não pela amada

mulher das quimeras,

pelo ausente fulgor da sociedade,

ou a existência ser existência;

o meu coração é o tempo

da minha tormenta atmosférica:

quando bate passa gente,

como ar em que respiro

humanos os quais todos eu sou.

Reirazinho
Enviado por Reirazinho em 15/03/2024
Código do texto: T8020617
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