O REFLEXO!

SOU uma restinga humanóide

Num universo em cataclismo.

Sou uma voraz miscigenação

Nas junções dos horizontes.

Sou um tropeiro sem seguidores

Na surdez de ébrios indiferentes.

Sou um sussurro frio deslizante

Na cratera da orgia sedimentada.

Sou o escorrer das lágrimas

Nas sucatas das ilusões,

Sou uma duna protetora

Num deserto de restolhos.

Sou um talismã pingente

Num renque de infâmias.

Sou uma rota íngreme...

Grampeada de solidão!

Sou uma cantoneira estática

Em recanto de mural insano.

Sou um elo de corrente

Num planar de abutres!

Sou o flutuar da verdade

Sobre seixos acomodados,

Sou pedra nos caminhos

Dos portais da nossa história.

Sou a cultura braçal

Do vazio do nada.

Sou quadro de paredes

De cheirosos sanitários.

Sou navegador sem porto

Na imensidão do espaço.

Sou o arrastar das águas

Na vertigem das cascatas.

S.A.Baracho

conanbaracho@uol.com.br

Sebastião Antônio Baracho Baracho
Enviado por Sebastião Antônio Baracho Baracho em 12/01/2008
Código do texto: T813748