Tributo a uma noite de luar

Tenho eu perfeita ciência de que poucos se interessarão

Por estas hórridas palavras, escritas no pergaminho das sombras

Com a tinta da solidão

Sei que não ecoará ao longe

O grito de uma alma alucinada

Iluminada apenas pelo luar que banha em prata

As palavras soltas nesses signos vãos

Povoados de angústia e desespero,

Indeléveis cicatrizes nessa sombra de realidade

Gravou-se aqui todo o sofrimento dos gritos que foram calados,

Sepultando com eles as incontáveis lágrimas de alguém que jamais chorou

A melancolia funérea presente nessa noite gélida

Agora começa a invadir minha mente... flutuando agoniadamente

Derrubando minhas fortalezas, adentrando por fim meu coração...

Até mesmo a lua, anjo noturno que vaga pelas trevas das constelações, abandonou-me

Levando com ela o último estilhaço de vida que era para mim aquele luar

Vendo-me na ausência daquela luz quase morta, torna-se impossível continuar devaneando

Restou-me apenas o frio da noite,

O desespero da solidão

E o feitiço das constelações que agora tomam parte da minha mente...

Ana Pismel
Enviado por Ana Pismel em 22/03/2008
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