[Ato XV] A Janela
Cinza. Movido o olho de vento,
como não percebi o mofo o muro
corroendo na minha frente?
Em minúcias, larguei-me, e sair
deixei da memória os cegos
olhos vítreos, imundos...
Mas já é meu, e o muro cinza...
Meu nublado horizonte...
Poderia vedá-lo... Mas lá
ele estaria, e não se mataria...
Desvio-me do único olho,
o do quarto. Da cozinha
p'ro banheiro no adulto do dia.
Entre os ladrilhos, eu batalho
contra a estéril determinação,
insípida, e eu, como tal coisa,
me perco. Mas sim, trago as armas,
de costa para meu inimigo,
escondo-as sobre o peito.
Adeus, olho! Vitória subida.
Apenas no último tijolo
empilhado, alternado, sorri.
(CaosCidade Maravilhosa, 1º de junho de 2007. Este poema pertence ao meu projeto "Marina em Poesia")