O Homem Cinza

De tantas alvoradas, tardes e noites madrugadas,

Não me restou muito, ou melhor, nada!

Penso na vida perfeita, na tênue diferença,

Entre a ilusão e a esperança,

Nos sonhos despedaçados, os espelhos quebrados,

Os amores perdidos, a dor, o aprendizado.

Lembre - os viajantes têm o mesmo destino.

Todos os pensamentos serão esquecidos,

No final você será como todos e estará só,

Nada entre o céu e a Terra escapará a esse ciclo,

Onde o tempo, torna a tudo, ruínas, cinzas e pó.

Ser feliz ou triste, pobre ou rico,

Arrogante, um gênio, ignorante,

Todos são como areia ao vento,

E ninguém se lembra disto!

Sorrindo para uma vida sem norte,

Esperando grande sorte,

Lutando pela amizade, pelos sonhos,

Por acreditar no amor, em Deus ou na morte.

Estou só, o homem cinza, na cidade cinzenta.

Ouço todas as vozes, vejo todas as faces,

Desconhecidos sob a sombra da igreja da Sé,

Desejando saber seus contos, seus poemas,

Buscando uma razão e um problema,

Pra alimentar a sede feroz do espírito inquieto,

Que anseia por uma vida, uma ilusão.

Sim, faça seu conto. Dono de sua felicidade,

Sou um homem decidido, culto... é mentira!

Buscando algo que me faça sorrir e chorar - a verdade!

Quero ver a luz, o calor, o escuro e o frio,

Que me lembre que posso outra vez,

deixar de ser esse cinzento escritor vazio.

Se você tem a receita me conte, irei ouvir,

Mas antes me prove que é diferente,

Que não permitiu o poeta deixar de existir.

Que o amor e os sonhos são para sempre,

E eu então, o chamarei de Deus.