O sal dos olhos

Prelúdios de fim de noite anunciam sua escravidão

Retorcidos ferros em brasa

Redesenham a silhueta singela da lua por entre a janela

Obscurecendo o passado ainda mais sombrio e mórbido

Desta alma que esfacelasse pelas memórias perdidas

Quebra-cabeça de mil peças

Cujo tabuleiro falta-lhe espaço

Rechaçado pelo que lhe foi tirado

Nos olhos, fúria em dias de trovão...

Avista de longe a saudade que lhe foi imposta

Carrega consigo a certeza de que um dia tentou

E a tristeza de que um dia falhou

Abandonado ao relento sem um abraço amigo

Grades ao seu redor condenado a paixão

Defasado pelo deleito da inóspita sedução

Criança adormecida em lençóis de porquês

Do pranto que assombra sua face

Dos soluços de um medo doentio

De alguém que amou, desejou...

De alguém que se ausentou, de alguém que partiu...