TEMPO DE REZA

TEMPO DE REZA

Eu era um descaso do acaso

angariado na contramão de uma grande avenida

Os brilhos dos olhos lagrimantes de saudade

de um tempo escorrido nos relógios

refletiam a esperança do passado

apagada na realidade de um presente sério,

Sou um verso solto

Uma estrofe desconexa

Um tom sem intenção

Sou um eu-lírico pouco idealizado

Idealizador

Desaliterado

A melodia não me encontra

E entre mim e ela

só a vontade de ser um pouco mais sonoros

Armstrong soprar-me-ia entre notas

de La Vie En Rose

melodicamente melancólicas,

O toque das teclas do piano

teriam funções tristes de acompanhares

intrínsecas em saudade

O sol brilha belo

E entre as frestas da janela apodrecida pelos dias

Entra a luz quente, ultraviolentamente,

Alumiando os olhos amarelados do porta-retrato

Nostalgia é ouvir o barulho que o silêncio faz

no tic tac do relógio

Eu não. Sou mais do que isso.

Sou a saudade que a lembrança tem

Sou os sonoros passos lentos, quase mancos

de entes que se foram já, tão cedo de minha vida

Sou os Credos, os Padres Nossos...

Amém.

Clebber Bianchi
Enviado por Clebber Bianchi em 08/05/2008
Código do texto: T980479