EMBRIAGUEZ

Se eu disser que estou embriagada

É só mais um jeito para desconversar

Dizer que eu não estou errada

Que a culpa que eu carrego é sua

Quando na verdade a bagagem é toda minha!

Se terminou

Foi porque vacilei

Ao invés de nadar na praia, eu naufraguei

Perdi a direção e me afoguei.

O mar se encheu de lágrimas

(E de álcool também)

É sempre esse jeito que eu termino

As coisas eu liquido

A água, transformo em vinho

E não divido!

Nem deixo pro santo

Veja só meu ponto de vista

Que agora parecem dois...

Já vejo tudo dobrado:

Três copos parecem seis!

Isso porque só foi uma

Não uma dose,

Mas uma garrafa de vez

Pra você ver como acabou comigo

Tá, lá vou eu de novo dizer

Que foi você

Lá vou eu de novo sofrer

Por você

Lá vou eu de novo...

Sem você

E pela ausência do corpo

Entorno o copo cheio

Vodca, pinga, rum, tequila,

Cerveja, uísque, vinho, conhaque...

Já não importa o que vem

O fígado já não distingue quem é quem

Apesar de já estar entre suicídio e vício

Agulha? Não é comigo!

Eu gosto mesmo do estado navegante

Já este efeito penetrante é rapidin

Entrou: já tô fora de mim

Não! Não! Isso não é pra mim

Eu gosto de ficar no bar, no botequim

Horas amargurando horas

E com demora!

Só de manhã eu vou embora...

E passo o dia inteiro na cama

Ando de férias da vida agora

Acordo com a sede já pedindo

Preparo meu café da tarde

Poderia ser do tipo inglês

Ou café preto talvez...

Mas acho que esse vinho é francês!

Já faz tanto tempo... Nem lembro

Mas acho que foi naquela viagem que a gente fez

Eu sempre deixo um dedinho

Esperando o resto de nós

Amanhã quem sabe não vem?

Era pro nosso aniversário

4 anos hein?

Mas já está acabando esta caixa

E o dinheiro já me falta

Para viver esse não-viver

Cedo ou tarde terei que voltar

Lembrar que sou gente

Retornar o que está derretendo

Mas só depois do último gole...

Por enquanto aproveito até a mísera gota

Que depois terei que lembrar o que já esqueci

E enfrentar com lucidez esse sóbrio fim