VIAJANTE
Nesta época triste e conturbada,
Os caminhos são acidentados e finitos,
Por isso, viajante, recomeçar é preciso,
Recomeçar, muitas vezes sem chão, do nada.
Nesta curta e atribulada vida,
Tudo passa, tudo fende, tudo escorre...
Por mais odorante, charmosa e colorida,
Toda rosa, um dia, se pende e... morre!
Sempre! Que se comece a vida inteira de novo
É preciso (quando o novo falece e jaz no passado),
Porque mesmo que fugaz, ainda que dure pouco,
A vida áurea é — linda valsa — um laurel dourado.
Dura é a sentença ir(recorrível) de reviver
Na lembrança o pesar que se deseja esquecer,
E não pensar o mundo com amor, com doçura,
Como o pensa a criança, esta flor tão pura!
E se me enseja o momento um epíteto
Para sintetizar o enredo dos tempos idos,
Proponho, sem medo de errar, no epílogo:
Valeram a pena todos os sonhos vividos.