UMA COMPANHIA AROMÁTICA
Tomo o bom e fiel cafezinho
Todo o dia:
Desde quando o sol desponta;
a pino;
ao entardecer e,
sem dúvida,
nas longas horas que antecedem o sono.
Encho a chaleira.
Não gosto de modernidades
com o café.
Café tem de ter tradição, história.
Espero o apito da fervura
e suavemente aspiro
o mágico odor
do pó sendo envolvido, acarinhado
pela água milagrosa.
É música o ruído do café caindo no bule
Depois despejo, com cuidado,
nas xicarazinhas de louça fina –
minha mãe dizia que café é nobre,
é ritual, tudo com zelo e circunstância –
com açúcar,
sem açúcar...
tomado só,
ou acompanhado
por um bom amigo e,
com mais prazer ainda,
por amanteigados!
E aí, em volta de uma xícara de café,
tudo pode acontecer...
desacontecer, até.