UMA COMPANHIA AROMÁTICA

Tomo o bom e fiel cafezinho

Todo o dia:

Desde quando o sol desponta;

a pino;

ao entardecer e,

sem dúvida,

nas longas horas que antecedem o sono.

Encho a chaleira.

Não gosto de modernidades

com o café.

Café tem de ter tradição, história.

Espero o apito da fervura

e suavemente aspiro

o mágico odor

do pó sendo envolvido, acarinhado

pela água milagrosa.

É música o ruído do café caindo no bule

Depois despejo, com cuidado,

nas xicarazinhas de louça fina –

minha mãe dizia que café é nobre,

é ritual, tudo com zelo e circunstância –

com açúcar,

sem açúcar...

tomado só,

ou acompanhado

por um bom amigo e,

com mais prazer ainda,

por amanteigados!

E aí, em volta de uma xícara de café,

tudo pode acontecer...

desacontecer, até.

Anna del Pueblo
Enviado por Anna del Pueblo em 15/03/2016
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