A PORCA E O PARAFUSO

Certa porca que vivia desgostosa,

N'uma caixa de ferrolhos dispensada,

Viu distante um parafuso atarracado

De cabeça sextavada e rosca grossa

Imediatamente ficou apaixonada

Imaginando os dois atarraxados

O parafuso não se fez nem de rogado

E prontamente foi em sua direção

Quis com ela caminhar bem apertado

Dando voltas e mais voltas de emoção.

Mas aí a porca ficou preocupada,

Pois não tinha sido ainda temperada

E fugiu dele com essa exclamação:

Sem óleo não, sem óleo não!

Mas após alguns apertos realizados

Tornou-se logo o uso em abuso,

Acabaram entre as chaves comentados

Tanto a porca quanto o parafuso.

Para dar satisfação à estação

Decidiram se casar sobre a bancada,

O parafuso, pediu-lhe a mão

E a porca, disse sim, já temperada.

As bênçãos e a pregação foi do martelo

E o paquímetro as medidas do concerto

A decoração, fez a lixa com esmero

acochando-se assim, justo e perfeito

O amor do parafuso rosqueado

Pela jovem porquinha completado.

E enquanto emocionada a oficina,

Ao som do ritmado policorte

O parafuso deu um beijo na menina

Prometendo ser fiel até a morte.

Mas o tempo, implacável, foi passando,

E a ferrugem aos poucos foi chegando

E maculando a união tão perfeita,

Do parafuso com a porca, sua eleita.

O parafuso, lá e cá, foi espanado

E o aperto com a porca se afrouxou

As arruelas já não davam resultado.

E o fim, indesejado, enfim chegou!

Ambos foram jogados na sucata,

E ele, junto dela, assim ficou.

Até que um dia veio o renovo

E sempre juntos, entraram em fundição

Reviveram como em ressurreição,

Em um Honda Fit azul...modelo novo!