Poeta sem-teto
Ando pelo mundo
Sem eira nem beira
Com trajes imundos
Não há quem me queira.
Da calçada fria
Faço meu colchão
Em noites sombrias
O que resta é a solidão.
A cidade caminha
Homens e seu ternos
Minha vida desalinha
Num mundo subalterno
As palavras fazem-me sonhar
E reescrever um novo destino
Compelem-me a imaginar
Antigos sonhos de menino.
Só não permito-me sofrer
Com uma vida predestinada
Se o véu obscurecer
Será isso e mais nada.