O Brinde a Vivência
Amemos, sem temor aos gumes do afeto
E na fácil fluição do dado sexo,
Não temas a pousada do luar seleto
Mesmo que todos te queiram o convexo
Corpo.O aroma das formas sensitivas
A conjugação ideal das flores expansivas.
Um zelo caro arrebatando a sorte breve
Um excesso extremado de coragem
Para que cale o pranto e a discordância
E encerre alto prazer a fatal morte
De que os fugazes dias são compostos
Urge que nos entreguemos sem detença.
Ao palácio ardente dos gemidos delirosos
Aos suspiros entrecortados de caricias
As bocas naufragas de mares langorosos
Aos puros arrebatamentos e máximas astucias
Porque na noite flutua a ternura
E a luz faz o azul se enamorar,
A ceda dos luares propalados em aromas
Segredos altos como o seio das campinas
Entretem o coração de harmonias peregrinas
Ungem os orgasmos de celestiais redomas
Para que a noite acorde a santa nos teus olhos
E eu durma na louca manhã dos teus cabelos.
Mais além da alcova a ventura se entrelaça
Nos mínimos gestos das manhãs dos teus sentidos
Teus lábios no café cantarolem esquecidos
Melodias onde o sol das constelações se enlaça
E morramos a viver uma eterna madrugada
Meu anjo-devorador, minha bem-amada.
Se de tanta entrega e tais desvelos
Vier a chaga rebentar suas tetricas vertentes
De-nos a piedade esquecimentos eloquentes
Na ventura de chorar lagrimas em cabelos
De fluir a dor entre amor de verdade e rosas
Abismo, grato e triste, o das lagrimas amorosas.
Chorarei mil cataratas com tal gosto
Mil vezes entregue a fortes elos
De amores poderosos quão sinceros
Temperando as delicias com o desgosto.
Mas misero o vivedor leviano
Que só casca retira daqui e ri ufano.