A LIVRE

Liberdade é o que se quer e muitas vezes não se avalia o custo; ela saiu de casa ainda moça, quando os sinais de mulher começam a surgir, e o espelho tornou-se inimigo e aliado, quando se deseja o futuro como se fosse água ao cáustico deserto que se atravessa.

O homem vive num circulo vicioso que quase sempre não percebe. Era apenas um bebê, quando o mundo se descortinava ante os seus olhos atraídos pelas cores, coisas e sons. Ela não percebe, mas está entrando no mesmo grau do circulo de quando era apenas aquele bebê.

As cores criam os aspectos de quem somos e assim ninguém de fato é livre. Ela vestia-se multiforme, encantava os olhos dos homens, homens vadios, vazios, inebriados de angústias e dores. Ao passar lhes servia de bálsamo para seus corações vazios de amor.

O prazer que se quer nada mais é do que a supressão da dor que se tem, embora ainda tão jovem ela tivesse lá seus caprichos, artifícios alegóricos da sua vida teatrada cena por cena e cada escrito acunhado a uma dor dilacerante.

A embriaguez é o recanto dos tolos que por fraqueza afogam-se no álcool. Ela viu amargada à sua liberdade, fugindo entre um ato e outro, entre a saída de um amante e a entrada de uma ilusão, e seu frustrante antídoto era uma garrafa de tequila quase sempre à mão.